Leandro Aredes de Azevedo, todos os dias, acordava bem cedo, tomava um banho, vestia uma calça social, camisa com logo da da empresa, calçava sapatos devidamente engraxados, penteava o cabelo e ajudava seus dois filhos a se arrumarem com o uniforme da escola.
Com todos arrumados, seguia para a cozinha, onde preparava o café e o achocolatado das crianças. Sua esposa cortava os pães para fazer os lanches, que variavam entre presunto, queijo, manteiga e margarina. Na televisão, enquanto tomavam o café da manhã, assistiam as últimas notícias do programa Bom Dia Brasil.
Vinte minutos depois, descia com as crianças para a rua onde aguardava a perua que as levavam para a escola. Logo ele pegava o ônibus fretado que seguia pela Piaçaguera Guarujá.
O ônibus o levava até a siderúrgica da Cosipa/Usiminas, no polo industrial de Cubatão, onde trabalhava há 14 anos, desde quando completou a maioridade. Exatamente 1h30 minutos depois de desligar o despertador, às 7:00 em ponto, entrava no centro de controle operacional, onde trabalhava na programação de processo de fabricação de aço. Seu trabalho envolvia definir os usos dos materiais em cada momento do processo industrial.
Na Cosipa, Azevedo começou como aprendiz júnior. Logo depois foi para operador trainee, foi subindo alguns cargos e já era líder de equipe. Já era certo que em cerca de mais um semestre seria elevado ao cargo de supervisor. A empresa fornecia um bem elaborado plano de carreira. Quando terminasse a faculdade de engenharia de produção, a qual Leandro cursava à noite, na UNIP Santos, teria muito mais avanços e salários melhores. Ele já estava no quinto período.
Nos fins de semana sempre havia um passeio com as crianças na bonita orla da cidade. Não raramente, aos sábados, ia com os amigos e filhos torcer para o Santos, na Vila Belmiro.
Seu apartamento já estava pago. A empresa fornecia um bom plano de saúde para toda a família, estabilidade, e diversos outros benefícios, como clubes de funcionários. Ele tinha planos para, depois de formado e com as promoções que ocorreriam, comprar uma casa maior.
Leandro construía uma vida seguindo um script de comercial de margarina, mas assim como muitos casais que se casam muito jovens, o relacionamento ficou desgastado e desmoronou. Era 2011 e ele tinha 33 anos de idade. “Estava passando por um momento difícil da vida. Meus filhos não estavam morando mais comigo”, relembra.
Com uma nova rotina, sem a convivência diária com filhos, achando tudo monótono, tomou uma atitude drástica, resolveu desmoronar a carreira também e seguir seu sonho: ser piloto de aviões. “Sempre quis, mas a vida leva para outros caminhos, sabe?”, comenta.
Entrou em contato com um primo, comandante da Latam, e pediu uma dica de como começar. “Quando decidi, ele disse para ir pra EJ”. Menos de um mês depois, em janeiro de 2011, estava sentando em uma das salas de aula da EJ Jundiaí. Ali começava o primeiro beabá: o teórico de piloto privado. A família apoiou, mas com certo receio. “Foi sonho. Misturado com coragem de sempre acreditar que ia dar certo”, afirma Azevedo.
Foi uma jogada ousada: investir suas reservas, sem certeza de retorno, nos caros cursos de aviação, e sem emprego. Em pouco menos de um ano e meio, em dedicação integral, já havia concluído o curso de piloto privado e comercial. As reservas acabaram e ele vendeu seu carro. “Meu pai tinha uma cgzinha e me emprestou”, conta. Logo ele fez o curso de INVA (Instrutor de voo), e no fim de 2012 já foi contratado como instrutor para dar aulas teóricas e práticas na unidade Jundiaí. “Entrei de corpo e alma para a aviação, mesmo”, afirma.
Com bom desenvolvimento, logo tornou-se instrutor sênior, dando aulas práticas em todos os modelos da escola, do Cessna 152 até o bimotor Seneca. Em 2015, já com 1400 horas de voo, Azevedo foi para aviação executiva, retornando para o quadro de instrutores da EJ em julho de 2019.
Durante os seis meses que trabalhou na sua segunda passagem pela instrução, priorizou as aulas nos simuladores de voo, focando nas seleções de companhias aéreas. Entre voos práticos e simuladores, ensinou por mais cerca de 200 horas.
Já com mais de 2 mil horas de voo, foi contratado, agora em janeiro, pela Gol. Azevedo está no momento fazendo ground school do Boeing 737-800. Em breve, fará aulas no simulador da companhia para, na sequencia, terminar a instrução de voo prática, já em rota, com passageiros. “Uma emoção muito grande de ver a grandeza da coisa. A ficha cai, depois não cai, fica flutuando. Mas é muita coisa pra estudar, não dá tempo de ficar filosofando”, afirma.
Agora, aos 42, casado novamente, depois de uma mudança total de rumos e ares, começa em breve com uma nova rotina, bem diferente de ir para Cubatão diariamente: voar para o Brasil e América Latina pilotando um grande avião a jato.
Vale a pena sair da zona de conforto para correr atrás de um sonho? “Não me arrependo nem um minuto, cara”.
A EJ agradece a Azevedo pelo tempo dedicado ao ensino e deseja bons voos na Gol!
Com todos arrumados, seguia para a cozinha, onde preparava o café e o achocolatado das crianças. Sua esposa cortava os pães para fazer os lanches, que variavam entre presunto, queijo, manteiga e margarina. Na televisão, enquanto tomavam o café da manhã, assistiam as últimas notícias do programa Bom Dia Brasil.
Vinte minutos depois, descia com as crianças para a rua onde aguardava a perua que as levavam para a escola. Logo ele pegava o ônibus fretado que seguia pela Piaçaguera Guarujá.
O ônibus o levava até a siderúrgica da Cosipa/Usiminas, no polo industrial de Cubatão, onde trabalhava há 14 anos, desde quando completou a maioridade. Exatamente 1h30 minutos depois de desligar o despertador, às 7:00 em ponto, entrava no centro de controle operacional, onde trabalhava na programação de processo de fabricação de aço. Seu trabalho envolvia definir os usos dos materiais em cada momento do processo industrial.
Na Cosipa, Azevedo começou como aprendiz júnior. Logo depois foi para operador trainee, foi subindo alguns cargos e já era líder de equipe. Já era certo que em cerca de mais um semestre seria elevado ao cargo de supervisor. A empresa fornecia um bem elaborado plano de carreira. Quando terminasse a faculdade de engenharia de produção, a qual Leandro cursava à noite, na UNIP Santos, teria muito mais avanços e salários melhores. Ele já estava no quinto período.
Nos fins de semana sempre havia um passeio com as crianças na bonita orla da cidade. Não raramente, aos sábados, ia com os amigos e filhos torcer para o Santos, na Vila Belmiro.
Seu apartamento já estava pago. A empresa fornecia um bom plano de saúde para toda a família, estabilidade, e diversos outros benefícios, como clubes de funcionários. Ele tinha planos para, depois de formado e com as promoções que ocorreriam, comprar uma casa maior.
Leandro construía uma vida seguindo um script de comercial de margarina, mas assim como muitos casais que se casam muito jovens, o relacionamento ficou desgastado e desmoronou. Era 2011 e ele tinha 33 anos de idade. “Estava passando por um momento difícil da vida. Meus filhos não estavam morando mais comigo”, relembra.
Com uma nova rotina, sem a convivência diária com filhos, achando tudo monótono, tomou uma atitude drástica, resolveu desmoronar a carreira também e seguir seu sonho: ser piloto de aviões. “Sempre quis, mas a vida leva para outros caminhos, sabe?”, comenta.
Entrou em contato com um primo, comandante da Latam, e pediu uma dica de como começar. “Quando decidi, ele disse para ir pra EJ”. Menos de um mês depois, em janeiro de 2011, estava sentando em uma das salas de aula da EJ Jundiaí. Ali começava o primeiro beabá: o teórico de piloto privado. A família apoiou, mas com certo receio. “Foi sonho. Misturado com coragem de sempre acreditar que ia dar certo”, afirma Azevedo.
Foi uma jogada ousada: investir suas reservas, sem certeza de retorno, nos caros cursos de aviação, e sem emprego. Em pouco menos de um ano e meio, em dedicação integral, já havia concluído o curso de piloto privado e comercial. As reservas acabaram e ele vendeu seu carro. “Meu pai tinha uma cgzinha e me emprestou”, conta. Logo ele fez o curso de INVA (Instrutor de voo), e no fim de 2012 já foi contratado como instrutor para dar aulas teóricas e práticas na unidade Jundiaí. “Entrei de corpo e alma para a aviação, mesmo”, afirma.
Com bom desenvolvimento, logo tornou-se instrutor sênior, dando aulas práticas em todos os modelos da escola, do Cessna 152 até o bimotor Seneca. Em 2015, já com 1400 horas de voo, Azevedo foi para aviação executiva, retornando para o quadro de instrutores da EJ em julho de 2019.
Durante os seis meses que trabalhou na sua segunda passagem pela instrução, priorizou as aulas nos simuladores de voo, focando nas seleções de companhias aéreas. Entre voos práticos e simuladores, ensinou por mais cerca de 200 horas.
Já com mais de 2 mil horas de voo, foi contratado, agora em janeiro, pela Gol. Azevedo está no momento fazendo ground school do Boeing 737-800. Em breve, fará aulas no simulador da companhia para, na sequencia, terminar a instrução de voo prática, já em rota, com passageiros. “Uma emoção muito grande de ver a grandeza da coisa. A ficha cai, depois não cai, fica flutuando. Mas é muita coisa pra estudar, não dá tempo de ficar filosofando”, afirma.
Agora, aos 42, casado novamente, depois de uma mudança total de rumos e ares, começa em breve com uma nova rotina, bem diferente de ir para Cubatão diariamente: voar para o Brasil e América Latina pilotando um grande avião a jato.
Vale a pena sair da zona de conforto para correr atrás de um sonho? “Não me arrependo nem um minuto, cara”.
A EJ agradece a Azevedo pelo tempo dedicado ao ensino e deseja bons voos na Gol!
Publicado em 06/02/2020
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