domingo, 22 de dezembro de 2013

Disputa entre a Airbus e a Boeing chega às poltronas

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RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
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A disputa entre as gigantes Airbus e Boeing pelo mercado de aviões para voos de longa distância chegou às poltronas da classe econômica.
Em campanha lançada no fim de outubro, a europeia Airbus instou a indústria a fazer aviões em que a largura entre os assentos na classe econômica seja de no mínimo 18 polegadas, ou 45,7 cm.
É uma alusão à concorrente Boeing, que fabrica aeronaves de longa distância em que as poltronas têm largura de 17 polegadas (43,2 cm), como os 787 e os 777/300 ER.
Com até 368 lugares na configuração padrão (três classes, primeira, executiva e econômica), o 777 é o maior rival do Airbus-A350, que tem previsão de entrar em operação no ano que vem, com até 369 lugares.
A fabricante americana diz que o padrão da Airbus é "arbitrário" e "oportunista".
A campanha inclui um anúncio publicitário no qual um homem aparece espremido entre um casal em um restaurante. "Você nunca aceitaria isso. Por que então aceitaria isso?", diz a peça, com o mesmo homem no avião.
Editoria de Arte/Folhapress
Os assentos mais largos fazem o passageiro pegar no sono até seis minutos mais rápido, segundo pesquisa da Airbus em parceria com o Centro de Sono de Londres.
A Airbus sustenta que os seus padrões de largura são semelhantes aos do final da década de 1960, quando a indústria era muito menor.
Diz ainda que as viagens estão cada vez mais longas, o que eleva a exigência por conforto -a frequência de voos com distância superior a 7.400 km (algo como São Paulo a Lisboa) aumentou 50% nos últimos 15 anos.
NOVO PADRÃO
Uma das principais críticas da Airbus é que a Boeing, nos últimos anos, popularizou a inclusão de um assento a mais na classe econômica.
Em 2012, 69% dos Boeings-777/300 ER foram vendidos com dez assentos na econômica (divisão 3-4-3), e não nove (3-3-3), como quando esse modelo de aeronave foi lançado, nos anos 1990.
Emirates, Air France/KLM, Alitalia e TAM estão as empresas que usam esse padrão em voos de e para o Brasil.
Segundo a Boeing, são as empresas aéreas que escolhem. "As companhias nos pedem aeronaves que ofereçam flexibilidade tal que seja possível oferecer uma boa experiência de voar e que, ao mesmo tempo, faça sentido do ponto de vista econômico", diz a empresa.
Mais do que querer conforto do passageiro, a intenção da campanha da Airbus, disse um executivo da Boeing, é omitir um ponto fraco: o de que no seu A350 -cuja previsão de entrada em operação é 2014- a fuselagem, mais estreita que a do 777, não comporta uma fileira de dez assentos de 18 polegadas na classe econômica -só nove.
A americana afirma que seus padrões de conforto incluem itens adotados no 777 (menor ruído) e no 787, como iluminação LED na cabine, janelas maiores e compartimentos de bagagem voltados para cima, de modo a aumentar a sensação de amplitude.
As funcionalidades, continua a Boeing, foram implantadas a partir de sugestões dadas por passageiros.

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